Sedativo veterinário misturado a opioides intensifica sintomas de retirada e sobrecarrega hospitais nos EUA, alertam autoridades de saúde pública.
Uma substância poderosa usada inicialmente como sedativo veterinário está gerando uma crise de abstinência em larga escala em cidades dos Estados Unidos, sobretudo em Filadélfia (Pensilvânia) — uma das maiores áreas urbanas do país afetada pela epidemia de drogas. A droga, conhecida como medetomidina, entrou no mercado ilícito e tem sido misturada ao fentanil, um opioide sintético extremamente potente, provocando sintomas de retirada mais severos do que os já observados com outras substâncias.
Medetomidina, que tem uso autorizado apenas como sedativo em veterinária, está aparecendo em uma grande parte da oferta de drogas nas ruas e está substituindo substâncias como a xilazina, aumentando os riscos para quem consome. A presença desta droga tem sido associada a efeitos colaterais graves, tanto durante o uso quanto no período de abstinência, que pode resultar em desmaios prolongados, pressão arterial perigosamente alta, tremores, vômitos e outros sintomas intensos.
Profissionais de saúde pública e médicos de emergência relatam que hospitais na Filadélfia estão enfrentando um aumento no número de pacientes que procuram atendimento por causa de sintomas de retirada associados a esse novo composto, fenômeno que tem sido descrito como uma verdadeira crise e que está ocupando grande parte dos leitos de unidades de terapia intensiva da cidade.
Especialistas alertam que a droga não responde da mesma forma aos tratamentos padrão para overdose de opioides — como a administração de naloxone, medicamento usado frequentemente para reverter efeitos de fentanil — e que muitos pacientes continuam desmaiados ou com efeitos persistentes mesmo após a intervenção inicial.
A medetomidina tem se espalhado rapidamente além da Filadélfia e já foi identificada em outras regiões dos Estados Unidos, intensificando um quadro já complexo da crise dos opioides no país. O cenário expõe os desafios enfrentados por sistemas de saúde e programas de redução de danos, que lutam para acompanhar a evolução do mercado de drogas e adaptar tratamentos que possam salvar vidas diante dessa nova ameaça.


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