Detentos do ES têm pontuação máxima em concurso de redação da Defensoria Pública da União



Dois detentos do Espírito Santo alcançaram pontuação máxima em um concurso de redação realizado pela Defensoria Pública da União. Com nota 100, Andressa Damasceno Rocha e Geovani Schneider Brito conquistaram os dois primeiros lugares estaduais na categoria de internos do Sistema Penitenciário. Uma outra detenta tirou 99,9 e conquistou a terceira posição. O concurso teve mais de 6 mil redações inscritas de estudantes de 516 escolas.
Na edição deste ano, o tema proposto para a redação foi “Defender direitos, evitar desastres: como o acesso à Justiça contribui para o desenvolvimento sustentável”. No concurso, participam estudantes de escolas regulares, pessoas que estão em cumprimento de medidas socioeducativas e também presidiários.
De dentro do presídio feminino de Cachoeiro de Itapemirim, a interna Andressa escreveu sobre como a ambição humana afeta o meio ambiente.
“A ambição te leva para lugares muito difíceis. A ambição do homem leva a destruição da própria alma, da vida”, disse Andressa.
Na penitenciária onde cumpre pena, ela estuda e trabalha. Durante as aulas, tomou gosto pela leitura e descobriu novos talentos.
“Eu tenho oportunidade de estudar e trabalhar. Trabalho ao dia e estudo à noite. Eu não sabia que eu tinha esse dom, eu fui descobrir aqui, estudando. Parei de estudar na 8ª série e agora estou no 3º ano. Eu não sabia que tinha essa capacidade”, conta a detenta.
Para a pedagoga da unidade, Mara Hernandes, o tema da redação fez com que as detentas participantes conhecessem novos assuntos.
“Não dá mais para a gente não falar em sustentabilidade. Elas não tinham conhecimento da necessidade de a gente reciclar, economizar água, o desmatamento, a questão das queimadas. São informações que são relevantes para a vida toda”, disse.
Do presídio feminino de Cachoeiro de Itapemirim, 63 presas se inscreveram no concurso. Um orgulho para a professora Pâmela Cunha Almeida, que vê muitas delas chegando para as aulas sem saber ler e escrever bem.
“Muita dificuldade na leitura, na escrita, algumas criam um pouco de resistência no início. No entanto, com o passar do tempo, elas começam a dar depoimentos de que na cela elas começam a ler, leem os livros delas e das colegas”, contou.
Para a diretora do Centro Prisional, Leida Maria Ayres, o resultado conquistado prova que a educação é a saída para a ressocialização e a melhoria da sociedade.
“Tudo começa na educação, é a base de tudo. Com educação, muitas já saem daqui com nível fundamental e médio e vão procurar faculdade, porque aprenderam aqui o gosto pela leitura, pelos estudos. É importante pela parte da ressocialização”, disse.
Orgulhosa da própria conquista, Andressa acredita que ainda terá muitas vitórias para comemorar fora da prisão.
“A mudança vem de dentro de nós. Eu entrei aqui de uma forma e sairei de outra. Vou sair daqui com uma mala de conhecimento muito grande. Porque meu caráter está totalmente diferente”, disse.

Fonte: G1 Espirito Santo




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