Atualmente, de acordo com Índice FIEC de Inovação dos Estados, o Espírito Santo é 9º estado mais inovador do Brasil. Por outro lado, quando se fala nas áreas utilizadas para a medição deste ranking, o estado é o 4º mais capacitado
Espaços
destinados à pesquisa e ao desenvolvimento, os ambientes de inovação no
Espírito Santo seguem uma tendência de crescimento global e nacional. Tendo em
vista isso, quando se fala em inovação, startups — uma espécie de empresa
desenhada para criar um novo produto ou serviço em condições de extrema
incerteza — já vem em mente.
Ao
todo, segundo o StartupBase — projeto que reúne dados do ecossistema brasileiro
de startups — o Brasil possui mais de 13,3 mil instituições neste segmento.
Dessas, aproximadamente 130 são capixabas e fazem o Espírito Santo estar em 12º
no ranking nacional.
Além
disso, atualmente, de acordo com Índice FIEC de Inovação dos Estados 2020, o
Espírito Santo é 9º estado mais inovador do Brasil. Por outro lado, quando se
fala nas áreas utilizadas para a medição do ranking, o estado ocupa a 4º
posição em Capacidades, que consiste em Investimento Público em Ciência e
Tecnologia e Capital Humano (Graduação, Pós-Graduação, Inserção de Mestres e
Doutores na Indústria, Instituições).
Em
resultados, no entanto, o setor de inovação capixaba ocupa a 16º. Já quando o
assunto é Competitividade Global, o Espírito Santo está em 13º. Para a diretora
de Inovação, Tecnologia e Produtividade do Senai-ES (Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial), Juliana Gavini, o estado já esteve bem mais longe do
que está hoje, o que representa um avanço significativo. “A gente estava em
26º. Estávamos longe”.
Mesmo
diante deste cenário, o diretor executivo da Associação Brasileira de Startups
(ABStartups), José Muritiba, conta que, “infelizmente, a gente [setor de
inovação brasileiro] ainda tem uma grande concentração, principalmente, em São
Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, que compõem
praticamente 70% do volume total de startups mapeadas no Brasil”.
“O
ambiente [de inovação] do Espírito Santo começa a se tornar mais propício e
mais próspero para os empreendedores se desenvolverem e para os empreendimentos.
Vejo com bastante bons olhos”, avaliou o diretor executivo da ABStartups.
Parte
desse olhar tende-se a ter grandes dimensões por conta de projetos de
instituições capixabas. É o caso do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo
(Bandes). Atualmente, o eles trabalham com duas possibilidades para o
investimento de empresas inovadoras, desde amadoras às que estão prontas para o
mercado e do setor de inovação capixaba: linhas de crédito e os Fundos de
Investimento em Participações (FIPs).
Via de mão dupla
De
acordo com o diretor de Negócios do Bandes, Luis Fernando de Mello Leitão, essa
é uma oposta que nasce a partir do entendimento de que inovação se tornou uma
área estratégica para o Espírito Santo. Dentro dessa perspectiva, Leitão
explica que os FIPs, por exemplo, são nacionais, mas o investimento caminha em
uma via de mão dupla, onde o capixaba não sai perdendo.
“Você
tá pegando dinheiro e colocando em empresas de Santa Catarina, por exemplo?
Sim, mas uma das exigência é que o valor que nos aportamos nos fundos seja
investido em empresas do Espírito Santo. A idéia é conseguir atuar num fundo
nacional e investir em empresas de todo o Brasil tendo retorno do meu
financiamento”, contou, destacando que com essa exigência é garantido que o
fundo tenha um trabalho robusto de atração e desenvolvimento de startups no
Espírito Santo.
Com isso,
o diretor de Negócios do Bandes avalia que o Espírito Santo ganha nas duas
pontas: no resultado financeiro e na oferta de empresas promissoras, que tenham
algo a oferecer tanto para o mercado brasileiro e, especialmente, para o
capixaba.
Porvir
A partir
dessa engrenagem, a procura é constante, o que evidencia um cenário ainda mais
promissor do que o atual. Neste mesmo caminho, o setor de inovação capixaba já
sabe para onde ir, segundo a diretora de Inovação, Tecnologia e Produtividade
do Senai-ES, em razão de direcionadores estratégicos.
“A
gente também tem metas bem definidas e hoje se a gente olha a evolução da
inovação no Espírito Santo a gente já sabe pra onde ir… Está todo mundo mirando
na mesma coisa e, consequentemente, isso nos torna mais eficazes, porque está
todo mundo direcionando esforços e recursos para o mesmo espaço”, explicou
Juliana, ressaltando o trabalho da Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI),
desenvolvido mediante uma parceria entre o Setor Produtivo, o Governo do Estado
e a Academia.
A
partir disso, o diretor executivo da ABStartups destaca que, no Espírito Santo,
o ecossistema de inovação ganhou um parceiro que representa um movimento de
posicionamento do estado diante de um ambiente que tá propício à inovação: o
Governo do Estado. “O poder público acabou se posicionando consumidor da
proposta dos serviços de produtos inovadores, com o intuito de trazer inovação
para dentro da máquina pública e isso coloca o Espírito Santo a ponto de dar
passos largos”.
Diante
deste cenário da inovação capixaba, as metas para os próximos dez anos do MCI
vão desde chegar a ser um dos cinco estados mais inovadores do Brasil, ter 1
mil startups em território capixaba e ter entre as 200 maiores empresas do
Espírito Santo pelo menos 20% baseadas em tecnologia de inovação. “São
ousadas, mas é um plano de Estado que envolve várias pessoas para conceder
essas metas e estamos trabalhando em prol delas, cada ator do ecossistema”,
disse Juliana, destacando que o estado tem pontos chaves que mantém esse conjunto
equilibrado.
Tendo
em vista isso, Leitão considera a rede de inovação do Espírito Santo “bastante
robusta e que começa a ser observada pelo restante do Brasil. A gente está
construindo uma teia de inovação no estado bastante interessante”.
“Eu
aposto, tirando São Paulo, que a gente está num top five muito mais
rápido do que a gente imagina. Por que? Primeiro, por uma questão do próprio
estado, que é relativamente pequeno e bem localizado e tem uma certa base de
grandes empresas que nos obriga a ser competentes; segundo, que temos uma das
melhores bases educacionais tecnológicas do Brasil e terceiro pelo modelo
descentralizado que nós construímos […]”.
Pandemia
As
expectativas são boas e o cenário da inovação capixaba apresenta pontos chaves
favoráveis para crescer ainda mais. No entanto, como em todos os setores, a
pandemia de Covid-19 também respingou neste ecossistema, mas com um efeito
reverso ao habitual.
Para o
diretor de Negócios do Bandes, “a pandemia trouxe isso de bom, que foi obrigar
o mercado a se desenvolver dez anos em vista tecnológico. Se a gente pode
pensar em algo bom dessa pandemia,. Sé possível, quebramos uma série de medos e
barreiras”.
Entretanto,
antes disso, a diretora de Inovação, Tecnologia e Produtividade do Senai-ES
acrescenta um adendo: a diferenciação do que é inovação neste período de
pandemia e o que é adoção de tecnologias antes não utilizadas com tanta
frequência.
“O que
tivemos foi uma aceleração da adoção de tecnologia e mudanças de processos
baseados em tecnologia, para continuar permitindo que as empresas trabalhem.
Temos que tomar um cuidado com o que é inovação, porque essas ferramentas
tecnológicas já existiam – algumas foram criadas e evoluíram bastante,
inclusive. Então, quando a gente fala de inovação, traz desenvolvimento,
resultados… A partir disso, é importante que a empresa estruture um
processo para que essa inovação aconteça. Usar de ferramentas digitais para se
comunicar não é inovação. Pode ser uma mudança para a empresa”, esclareceu
Juliana.
A
partir disso, inovação e adoção de tecnologias digitais se caracterizam pontos
distintos, sendo que uma, não necessariamente, precisa estar associada a outra,
por exemplo.
Com Informações ES Hoje