Os casos de sífilis no Espírito Santo subiram mais de 4.000% nos últimos 10 anos.
Especialistas apontam que a crescente de diagnósticos
tem foco em jovens abaixo dos 30 anos. A falta de conscientização e diálogo é
apontada pelos especialistas como um dos principais motivos desse crescimento.
“A
sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, causada por agente bacteriano. A
principal forma de contágio é por meio do contato sexual, ou por transmissão
vertical materno fetal, mas também pode ser feito – em menor proporção –
através de transfusão sanguínea”, explica o urologista Dr. Marcus Vinicius
Carvalho.
O
doutor destaca que, caso não seja tratada, a sífilis pode causar de alterações
na visão, paralisia de nervos e problemas no coração. Porém, com o diagnóstico
precoce, tem cura. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa)
e do Ministério da Saúde, o número de casos no Espírito Santo saltou de 118 (em
2010) para 5.123 (em 2019).
O
urologista conta que se preocupa porque, hoje, as pessoas estão menos
conscientes em relação à prevenção. “Isso vem muito do desconhecimento dos
jovens de até 30 anos, que não vivenciaram a época dos altos casos de AIDS e
HIV. Então, mesmo com campanhas de prevenção e de incentivo do uso de
preservativos, há um descaso em relação a essa questão”.
A
sífilis é uma doença silenciosa, que, muita das vezes, começa assintomática e
indolor. Por esse motivo, é importante que pessoas com vida sexualmente ativa
façam o teste anualmente. “A gente divide a sífilis em duas fases: precoce e
tardia. A fase precoce é constituída pela sífilis primária e secundária, onde o
diagnóstico é feito de maneira mais comum. A sífilis primária ocorre de três a
quatro semanas após o contato sexual. Geralmente de manifesta através de uma
úlcera indolor de bordas elevadas na região genital. É nesse momento que o
índice de transmissão é maior”.
Existem
três tipos de sífilis: a adquirida (transmitida entre adultos), gestante
(detectada durante a gravidez) e a congênita (passada para o feto). Para quem
planeja uma gravidez, a recomendação é que o casal faça os exames previamente.
E caso já exista a gestação, o pré-natal também é recomendado ao casal, para
que tanto a sífilis quanto outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)
sejam detectadas.
O
Espírito Santo é o 4º estado do Brasil com o maior número de casos de sífilis
adquirida. De acordo com a ginecologista e referência técnica da coordenação
estadual de ISTs, Bettina Moulin, o aumento também se deve ao maior número de
testagens e feito um plano estadual de combate à sífilis, onde o sistema de
saúde fornece mais testagens rápidos nos municípios. “Em até 20 minutos o
paciente já tem os resultados e pode começar o tratamento imediatamente. Além
de campanhas de prevenção, distribuição de camisinhas e treinamento dos
profissionais de saúde”.
Com a
campanha, o Espírito Santo conseguiu, desde 2017, reduzir o número de sífilis
congênita. Em 2017, foram registrados um total de 641 casos, enquanto no ano
passado os dados reduziram para 468. “Há mais detecção da sífilis. Porém, houve
uma melhora no tratamento a partir de um conjunto de ações”.
Prevenção
De
acordo com a ginecologista, a melhor forma de prevenção é através do
preservativo. Mas também destaca a importância do diálogo, conscientização e
testagem. “O recomendado é que os testes de sífilis e HIV sejam parte dos
exames de rotina. Não há falta de testes na rede pública de saúde. O que
acontece é uma falta de preocupação em relação à doença. As pessoas acham que
não estão em risco ou porque confiam no parceiro. Em primeiro lugar, deve ser
feito o uso da camisinha”.
Apesar
das recomendações, cada relação é pessoal. Portanto, acima de qualquer coisa, o
diálogo é fundamental. “Caso o casal decida abrir mão do preservativo, isso
deve ser feito com exames regulares. Sabendo que sem a camisinha as pessoas
estão automaticamente em risco. Por isso, o diálogo e conscientização são parte
importante da educação sexual, tanto entre o casal, quanto entre pais e filhos,
quanto da família com os parentes idosos conversarem sobre o assunto”.
Responsabilidade
nas relações também é importante. “Caso a pessoa que está solteira seja
detectada positivo para a doença, deve entrar em contato com as pessoas com quem
teve relação sexual para evitar que outros sejam contaminados”.
Com Informações ES Hoje