Retorno de Mike Tyson aos ringues não terá controle antidoping para maconha

Dono de um império de produção da erva e defensor da liberação, pugilista lutará contra Roy Jones Jr. no próximo sábado, com transmissão ao vivo pelo Combate

Mike Tyson e seu império da maconha nos EUA — Foto: Reprodução / Instagram


O retorno de Mike Tyson aos ringues, no próximo sábado, contra Roy Jones Jr., terá algumas particularidades. Uma delas é que não haverá controle antidoping contra maconha. A informação foi inicialmente veiculada no site especializado “Boxing Scene” e replicada em sites internacionais, mas ainda não foi confirmada oficialmente pela organização.

O Combate vai transmitir ao vivo a volta de Mike Tyson aos ringues. Os assinantes do canal vão poder acompanhar a luta contra o americano Roy Jones Jr., que terá oito rounds, além de todas as outras seis lutas previstas no evento em Los Angeles, no Estados Unidos. O card terá início às 22h (horário de Brasília). A Globo também vai exibir a luta durante a madrugada de sábado para domingo.

A luta terá controle antidoping realizado pela Vada (agência americana de controle antidoping voluntário), com o programa de Boxe Limpo. O teste de drogas para maconha, porém, não será incluído.


Multicampeão dos pesos-pesados e tido como um dos boxeadores mais letais de todos os tempos, o lendário Mike Tyson, de 54 anos, teve inúmeros problemas financeiros e judiciais ao longo de sua carreira como esportista. Mas ele mudou de vida ao investir em um mercado novo que o ajudou, inclusive, a se reerguer após torrar a fortuna conquistada como pugilista. 

Mas a relação de Mike Tyson com a maconha vai bem além do lucro. Dono de um império de plantação da cannabis, o pugilista costuma usufruir do próprio produto para fins recreativos. E não costuma poupar. Ao lado de Eben Britton, ex-jogador de futebol americano, advogado ligado à legalização da maconha e também apresentador de seu podcast, Tyson revelou que fuma uma parte considerável da plantação em seu rancho.

O pugilista se valeu do fato que o consumo para fins recreativos é liberado no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, desde 2018, e investiu, através da "Tyson Holistic", em produtos relacionados à maconha. A subsidiária mais conhecida desse conglomerado é o "Rancho Tyson" ("Tyson Ranch"). Hoje, somente três estados (Idaho, Nebraska e Dakota do Sul) proíbem qualquer tipo de uso. Em 15 estados americanos, o uso foi descriminalizado. Ao todo, são 11 estados onde a maconha é completamente legalizada, tanto para fins medicinais quanto recreativos.

Mike Tyson tem lucros mensais que, segundo a imprensa americana, no fim do ano passado, chegavam a gerar US$ 500 mil mensais (ou seja, quase R$ 3 milhões). Os dados atualizados de abril de 2020, citados pelo pugilista em seu podcast mostram que, mensalmente, ele vende hoje US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 5 milhões), o que mostra que é um mercado em expansão.

- Cannabis é um remédio. Nesse momento da inteligência mundial, nesse momento da vida, deveriam saber que cannabis não é uma droga. Independentemente da punição que nos dão, não podemos parar de usá-lo. Não vamos parar - falou Tyson em uma entrevista à revista canadense “Kind”.

Tyson ainda pretende expandir seus negócios relacionados à cannabis: quer abrir um resort com hotel, spas, pousadas. Tudo ligado à erva. Além disso, quer sediar festivais anuais sobre maconha nesse local (e tem como objetivo rivalizar com o famoso Coachella) e fundar a "Universidade Tyson", com cursos agrícolas para ensinar os alunos a cultivar a planta.

Como é a legislação brasileira

Diferentemente de alguns estados dos Estados Unidos, o uso recreativo da maconha não é permitido no Brasil, apesar de, desde 2006, não haver mais a pena de prisão ou reclusão para o consumo, armazenamento ou posse de pequena quantidade de drogas para uso pessoal. Também não há pena de prisão para quem "para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância".

No entanto, se a pessoa for flagrada com grande quantidade de maconha - o delegado ou autoridade policial tem o poder de definir isso -, ela pode ser presa em flagrante. Após a detenção, o réu responderá por tráfico de drogas, podendo pegar uma pena de cinco a 15 anos de reclusão.


GE
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