Propriedade rural em Barra de São Francisco vira modelo na agricultura

Marcos Moreira Coelho, Arlete Pedro Moreira de Oliveira e Natalino de Oliveira Coelho na propriedade familiar em Barra de São Francisco.

Cultivar diferentes culturas proporciona benefícios como a maior obtenção de renda por meio da comercialização dos alimentos. A melhoria na subsistência das famílias rurais devido ao aumento do leque de produtos para a alimentação é outro ganho proporcionado pela diversificação da produção. O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) apoia e incentiva a diversidade de arranjos produtivos com a orientação técnica destinada à melhoria de vida do agricultor.

Todas as regiões do Espírito Santo são aptas a desenvolver diferentes cultivos nas propriedades rurais. Em função do clima, há alguns casos em que o tipo de cultura poderá ser alterado para a melhor adaptação conforme a região. De modo geral, a diversificação de produtos agrícolas pode ser implantada e explorada em todo o território capixaba.

Na localidade de Pedra Bonita, Distrito de Vila Paulista, em Barra de São Francisco, a produção da família Moreira Coelho é um grande exemplo de diversificação. Ao todo, são cultivadas 10 culturas, sendo elas: café, cacau, coco, mogno, pupunha, banana, mandioca, cana-de-açúcar, milho e amendoim, esses dois últimos plantados em períodos determinados. Com a construção de uma represa na propriedade, a família tem ainda a pretensão de iniciar em breve a criação de peixes.

O casal de agricultores familiares Natalino de Oliveira Coelho e Arlete Pedro Moreira de Oliveira são os responsáveis pelo trabalho abundante desenvolvido com as culturas consorciadas no município da região noroeste capixaba. Eles são pais dos jovens Thiago Moreira Coelho e Marcos Moreira Coelho, que já atuaram juntos na propriedade familiar.

“Trabalhar com diversas culturas só nos traz benefícios e vemos muita vantagem, porque não ficamos presos a uma única cultura. Um bom exemplo, é com o canavial que nos dá renda com o melado e com a venda de cachaça. Também temos renda com o milho e o amendoim. A diversificação ainda é boa para o meio ambiente, porque têm várias plantas que ajudam o solo. É bom até para o nosso consumo, porque a gente gosta de comer uma mandioquinha com torresmo, então é ir na plantação e pegar”, disse Thiago Moreira Coelho.

Para o bom desenvolvimento dos diferentes cultivos na propriedade da família, o jovem afirmou que a atuação do Incaper, por meio de incentivos, orientações técnicas e acompanhamento presencial da produção foi e ainda é fundamental. “Os extensionistas da região nos deram uma assistência incrível para aprender a mexer com as novas cultivares de café. Eu e meu pai fomos em palestras sobre cacau com incentivo do Incaper e tiramos nossas dúvidas. Nos ajudam em tudo que precisamos”, completou.

O extensionista do Incaper, Nilson Araujo Barbosa, destacou a importância da diversificação para a melhoria da renda do agricultor e aproveitamento da área na propriedade. Ele citou o exemplo de uma área de plantação de café, que pode ser melhor aproveitada com o cultivo de culturas de ciclo curto, como a melancia, o feijão e outras.

“Também pode-se optar em instalar juntamente com o café uma outra cultura perene como o coco, o abacate ou a madeira. Quando bem instalados, com espaçamentos mais abertos, o agricultor pode explorar no mesmo espaço outras culturas e melhorar a renda da família, bem como os produtos a serem ofertados para o consumo familiar”, ressaltou Barbosa.

Culturas que podem ser consorciadas

De acordo com o extensionista, há muitas possibilidades de diversificação. Entre as opções é possível destacar tipos de arranjos produtivos que podem ser cultivados em consórcio, sendo exploradas em início de cultivo de culturas perenes, a exemplo do café, abacate, mexerica, madeira e pimenta-do-reino.

Também podem ser explorados os cultivos anuais como milho, feijão, melancia, abóbora e outros. São orientadas pelo extensionista as seguintes diversificações: café e banana; café e coco; pastagem e eucalipto; café e mamão; banana e coco; banana e cacau; cacau e café; café e feijão; café e melancia; café e abacate; milho e feijão; entre outras.

Ainda segundo o extensionista, o agricultor também deve se atentar para a nova cultura que é introduzida na propriedade, “pois nem tudo são flores”. Nesse momento, do início do cultivo de um novo produto, mostra-se a importância de uma Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) de qualidade, a fim de orientar os agricultores, pois novos tipos de pragas e doenças podem surgir nas plantações.

“A exigência de adubação é diferente entre as culturas, assim como demais tratos culturais. A adequação dos espaçamentos das culturas que estão sendo implantadas é muito importante para que se obtenha sucesso com a nova atividade e com outras diversidades exploradas na propriedade”, alertou Barbosa.

Importância da diversificação para o solo

A diversificação de cultivos contribui para a melhoria dos aspectos físicos, químicos e biológicos do solo. No cultivo de diferentes culturas, plantas que exploram o solo com suas raízes em diferentes profundidades, conseguem alocar nutrientes ao longo do perfil do solo. Isso resulta no aumento da matéria orgânica e da biodiversidade de microrganismos e macroorganismos benéficos ao solo.

O extensionista do Incaper, Fabio Morais, destacou o trabalho que está sendo desenvolvido por pesquisadores e extensionistas do Instituto para promover sistemas mais sustentáveis de cultivo, que possam aliar verdadeiramente a produção de alimentos com a preservação ambiental. Trata-se da chamada agricultura regenerativa, quando se utiliza sistemas agrícolas que promovam a melhoria ambiental “para deixar o ambiente melhor do que encontramos”.

“Um exemplo prático são os sistemas agroflorestais que aliam cultivos agrícolas a diferentes tipos de árvores. A análise de solo é fundamental para avaliar se os processos adotados estão trazendo os resultados esperados. A avaliação da qualidade do solo sob a ótica biológica também é de suma importância. Para alcançar o êxito, é necessário analisar o solo de maneira completa, com os aspectos físicos, biológicos e químicos”, pontuou Morais.


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