'Ceder o pouco que tenho para ajudar quem precisa', diz brasileiro que ampara refugiados na fronteira da Hungria com Ucrânia

À esquerda, André Spínola, de 43 anos, natural de Belo Horizonte, acompanhou de perto o sofrimento dos refugiados. — Foto: Arquivo pessoal

Frio, desespero, famílias inteiras usando só a roupa do corpo, crianças chorando e mães desesperadas. Este foi o cenário que o empresário mineiro André Spínola, de 43 anos, encontrou quando foi até a cidade de Zahony, na Hungria, que fica na fronteira da Ucrânia.

O belo-horizontino, que mora há 15 anos na Suécia, trabalha em uma empresa que tem filial em Nyirbogdany, no leste húngaro, a 50 km da fronteira com o país invadido pela Rússia.

No dia 28 de fevereiro, quatro dias depois do início da guerra na Ucrânia, ele foi até a Hungria para ter notícias dos funcionários.

"Quando cheguei na fábrica, a situação era de muito medo pro parte dos funcionários. Eles temiam falta de segurança, não tinham muita informação do conflito, mas também estavam com medo do que pudesse acontecer com os refugiados", contou.

Mineiro, André Spínola retirando os donativos do carro para os refugiados na fronteira. — Foto: Arquivo pessoal

No dia seguinte, o mineiro e outros funcionários foram até a fronteira e se depararam com uma "cena de filme".

"Famílias inteiras, mães, crianças e idosos depois de vários dias de viagem só com a roupa do corpo, sentindo muito frio, abalados emocionalmente. Uma mãe com cinco filhos, um bebê de 10 dias sem fralda, todos cansados após horas de viagem. Situação desoladora", disse.

Solidariedade

Sensibilizado com a situação dos refugiados, o empresário fez um mutirão com os colegas de trabalho para arrecadar doações para às famílias que estavam saindo da Ucrânia.

"Arrecadamos roupas de crianças e adultos, mil galões de água potável, cobertores, escovas de dente, creme dental, cerca de mil euros, comida enlatada e brinquedos. Botei tudo no carro e levamos para Zahony", contou.

André disse também que toda a doação foi levada para o centro comunitário da cidade, onde é feita uma distribuição para os refugiados. Ele disse que cerca de 500 pessoas passam pela cidade todos os dias.

Alojamento onde os refugiados podiam ficar antes de saírem da cidade. — Foto: Arquivo pessoal

No dia 21 de março, ele, funcionários e amigos vão voltar à fronteira, levando mais doações.

"Eu não faço mais que minha obrigação, de poder participar, fazer alguma coisa em meio a tanto sofrimento. Sou pai de três filhos e ver crianças ali, bebês sem fralda, sem o básico, desoladas, é triste demais. O que eu fiz é ter responsabilidade pela vida do outro, ceder o pouco que tenho para ajudar quem precisa", contou.
Fonte: G1



Postagem Anterior Próxima Postagem