Ex-funcionária de cantora gospel suspeita de golpes diz estar sendo ameaçada: 'Medo de morrer'

Isabela Cristi em foto publicada nas redes sociais — Foto: Instagram/ Divulgação


Uma mulher que trabalhou com Isabela Cristi Gomes Barros e David Robson de Barros, suspeitos de aplicar golpes por meio de uma plataforma de investimentos no estilo pirâmide, procurou a polícia e registrou um boletim de ocorrência contra o casal por calúnia.

Os dois estariam acusando a ex-funcionária de desviar o dinheiro investido na empresa.

A mulher, que não quis ser identificada, tem recebido ameaças de investidores e relata medo. Ela era gerente da I&D Investimentos, empresa do casal alvo de denúncias, e fazia contato com os clientes.

"Os ex-funcionários nunca tiveram acesso à conta dela. A nossa função era simplesmente pegar os dados com os investidores ou até mesmo com os atendentes que tinham na época, e a gente transmitia para ela esses dados bancários para fazer os pagamentos", afirmou.

Boletim de ocorrência registrado por ex-funcionária de Isabela Cristi e David Barros — Foto: TV Globo

A ex-funcionária deixou a empresa em junho do ano passado. Ela disse que pediu para sair depois que Isabela teria tentado forçar os funcionários a mentir sobre o pagamento aos investidores.

"Desde então, eu não consigo ter nem sono, porque são ameaças. Ela tenta transmitir a todo momento para cerca de 3 mil investidores que a errada de tudo sou eu hoje (...) O meu medo hoje? De morrer. Eu tenho uma família, eu tenho um filho para cuidar. Eu acho injusto pagar por um erro que não é meu", disse.

Ex-funcionária de Isabela e David está sofrendo ameaças — Foto: TV Globo

Vítimas

Isabela Cristi Gomes Barros, de 28 anos, que se apresenta nas redes sociais como Izabela Cristy, e o marido David Barros, de 33, articulavam os negócios financeiros pela internet.

O casal prometia multiplicar dinheiro em um curto período de tempo, em um esquema de pirâmide financeira. Ao entrar, o cliente paga um valor e recebe um "bônus" em cima de quem ele indicar. A prática é proibida no Brasil.

Com ofertas de taxas de lucro bem vantajosas, a cozinheira Rosilene da Costa Alves fez planos com o dinheiro, mas não recebeu nem um centavo.

"Estou montando uma cozinha minha para trabalhar, porque sou cozinheira, vou trabalhar com marmitex, lanches, e esse dinheiro viria neste momento para comprar material para mim. Infelizmente, acho que não vou poder contar com ele", afirmou.

Cozinheira Rosilene Alves investiu dinheiro na I&D Investimentos, mas não recebeu retorno — Foto: TV Globo

Os primeiros boletins de ocorrência contra Isabela e David Barros foram registrados em junho do ano passado, no mesmo período em que o casal deixou de fazer os repasses.

Boa parte das pessoas que investiram o dinheiro é de Lagoa Santa, São José da Lapa e Pedro Leopoldo, onde Isabela nasceu. As vítimas não sabem o paradeiro do casal, que usa as redes sociais pra se defender.

Uma mulher que não quis ser identificada investiu R$ 40 mil e ficou no prejuízo. Ela estava grávida e desempregada.

"Devido à situação que eu estava no momento, de estar desempregada e estar grávida, eu resolvi colocar o meu dinheiro de acerto. Era uma certeza que eu teria de ter minha gravidez tranquila, porque eu não estou trabalhando. Eu pago casa, tenho as minhas dívidas para pagar. Nós estamos até agora sem receber nem o nosso valor raiz e muito menos o valor que ela nos prometeu".

David e Isabela teriam aplicado esquema de pirâmide que prejudicou centenas de pessoas — Foto: Arquivo pessoas/Reprodução

O consultor financeiro Philipe Amorim diz que as pessoas devem desconfiar de ofertas que prometem retornos muito acima dos praticados no mercado.

"Quando a gente tem ofertas que estão muito acima do que está sendo trabalhado em mercados mais tradicionais, isso já é um motivo pra que a gente fique desconfiado. Fuja de ofertas extraordinárias, não tem como um investimento tradicional te dar 12% ao ano, e o outro te dar 10% ao mês", explicou.

Investigações

A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso. Segundo o delegado Flávio Rabello Teymeny, titular da Delegacia de Polícia Civil de Lagoa Santa, algumas vítimas já foram ouvidas. O casal foi intimado, mas não compareceu para prestar depoimento.

Fonte: G1


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