Gabriel Monteiro não ligava para a política e só queria fazer dinheiro com seus vídeos, diz assessor

Parlamentar foi alvo de uma operação da Polícia Civil sobre vazamento de vídeo íntimo com menor. Em depoimento, assessores e ex-funcionários deram detalhes da rotina da político, que incluía festas e sexo com menores.

Vinícius Hayden ainda está nomeado no gabinete de Gabriel Monteiro — Foto: Reprodução/TV Globo

Um dos assessores de Gabriel Monteiro (PL) disse em depoimento à polícia que o vereador não ligava para política, não tinha ideais políticos e que sua rotina girava em torno da produção de vídeos para ganhar dinheiro. O parlamentar foi alvo de uma operação da Polícia Civil nesta quinta-feira (7).

Vinícius Hayden, conhecido como Vinícius Ziza, ainda está nomeado no gabinete do vereador. No depoimento, disse que Gabriel Monteiro sabia que a adolescente de 15 anos era menor de idade, até porque tinha o hábito de fazer brincadeiras, dizendo que iria abrir uma creche. E que para o vereador, mulheres de 20 a 21 anos já eram velhas.

Segundo o assessor, eram frequentes as festas, tipo orgias, na casa de Gabriel. E que a maioria das convidadas era menor de idade. Vinícius contou ainda que era comum o uso de drogas por Gabriel e pelas convidadas.

O assessor disse ainda que teve vezes que chegou na casa e encontrou o vereador virado de festas, com meninas saindo de lá chorando, aparentando terem sido estupradas pelo Gabriel.

Vinícius também disse que sua função na equipe do vereador era investigar e que Gabriel era quem determinava quem seriam investigados, com o objetivo de produzir vídeos.

A TV Globo apurou que outro assessor disse à polícia que o advogado do vereador orientou uma queima de arquivo, mas a polícia deve usar um software para recuperar dados que possam ter sido apagados

Além de Gabriel Monteiro e Vinícius Hayden, também foram alvos da operação Rick Dantas, seu chefe de gabinete, os ex-funcionários Heitor Monteiro, Matheus Souza e Fábio Neder e o empresário Rafael Sorrilha.


Fábio Neder disse à polícia que a menor que aparece no vídeo investigado costumava frequentar a casa do político. Ela ficava estudando, até com roupa de colégio. Segundo ele, todos os funcionários e seguranças sabiam que ela era menor de idade.

Neder disse ainda que já levou uma pílula do dia seguinte na casa da adolescente, e que deixou o comprimido na caixinha do correio.

O ex-assessor disse ainda que os vídeos contendo relações sexuais estavam no telefone de Gabriel e que ninguém tem a senha do aparelho, nem o advogado e nem o chefe de gabinete.

Já Robson Coutinho, que ainda é nomeado no gabinete, disse que a casa do vereador é a base de trabalho e que todos os funcionários ficam lá e às vezes até dormem no local.

Sobre a menor de idade que teve o vídeo vazado em redes sociais, Coutinho disse que Gabriel falava para todo mundo que a adolescente tinha 15 anos. E que o vereador falava: "minha novinha está me esperando".

Já Matheus Souza, ex-assessor, relatou que Gabriel mantinha os HDs dos vídeos gravados em um cofre, e que acredita que só ele tivesse a senha, porque o cofre fica dentro do quarto do vereador. Disse ainda que o HD era criptografado.

Vazamento de vídeo

Gabriel Monteiro é investigado pelo vazamento de vídeos íntimos envolvendo uma adolescente de 15 anos. Tanto o parlamentar quanto a menor afirmaram que a relação e a gravação foram consensuais.

"Não existe nenhuma ilegalidade (sobre os vídeos com as menores). Não existe nada forçado. Não existe ilegalidade nem do ECA e nem do Código Penal. Eu não posso mais responder sobre isso", disse Monteiro ao deixar a 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes).

Segundo o delegado que investiga o caso, o inquérito pode avançar para outras áreas, a partir do material apreendido na operação desta quinta-feira.

"Hoje fizemos a apreensão tanto de materiais na casa quanto no gabinete, vamos fechar as pericias, os depoimentos, novos depoimentos, para esclarecer o que foi apreendido. Não só esse vídeo, são vários outros, que estão sendo averiguados. Essa investigação pode ser ampliada, não posso antecipar porque tá em sigilo, tem que ver, como dito, não vou antecipar sem ter credibilidade", disse o delegado Luís Mauricio Armond Campos.

Gabriel Monteiro na saída de depoimento na 42ªDP (Recreio dos Bandeirantes) na tarde desta quinta-feira (7) — Foto: Raoni Alves/ g1

Gabinete foi lacrado

O vereador Gabriel Monteiro foi alvo de uma operação da Polícia Civil dentro do inquérito sobre o vazamento de um vídeo íntimo de Gabriel fazendo sexo com uma adolescente de 15 anos.

A gravação com a menor foi compartilhada no Twitter e no WhatsApp, e Gabriel acusa ex-funcionários de vazá-la.

A operação começou cedo. Os policiais chegaram na casa de Gabriel Monteiro, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, pouco antes das 6h. Eles recolheram celulares e aparelhos eletrônicos.

Os agentes também foram até o gabinete de Gabriel Monteiro na Câmara de Vereadores, onde apreenderam documentos. O gabinete foi lacrado.

O canal no YouTube de Gabriel tem seis milhões de seguidores, que lhe rendem, segundo depôs o assessor, R$ 300 mil por mês com as visualizações. O salário-base na Câmara é R$ 14,3 mil — em um mês no YouTube, o vereador ganha o equivalente a quase dois anos de vencimentos como parlamentar.



Fonte: G1







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