Mulher acusa médico de tê-la estuprado em clínica pública de Nova Venécia

Unidade da Rede Cuidar em Nova Venécia, onde foi relatado caso de estupro. Crédito: CIM Norte/Divulgação

Uma mulher denunciou um suposto caso de estupro praticado por um médico que atua em uma unidade pública do Norte do Espírito Santo. O fato teria ocorrido durante a consulta, no momento em que ela era examinada, na última quarta-feira (25). O registro policial foi feito na sexta-feira (27) na Delegacia de Nova Venécia.

A Polícia Civil, por nota, informou que o caso está sob investigação da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Nova Venécia. Por se tratar de uma investigação que corre em segredo de Justiça, a PC disse que “detalhes não serão divulgados”.

O atendimento da mulher, cujo nome não está sendo divulgado por ela ser uma vítima, aconteceu na Rede Cuidar de Nova Venécia. Trata-se de uma unidade de especialidades clínicas administrada pelo Consórcio Público da Região Norte do Espírito Santo (CIM Norte), da qual fazem parte 13 cidades.

No local, é oferecido atendimento para as seguintes especialidades: ginecologia, neurologia, endocrinologia, cardiologia, oftalmologia, dermatologia, gastroenterologia e radiologia.

COMO ACONTECEU O SUPOSTO ESTUPRO

Segundo o relato constante no boletim de ocorrência policial a que A Gazeta teve acesso, a mulher relata que foi em busca de um atendimento de especialidade por apresentar alguns sintomas. Ela informa que foi bem atendida, que o médico lhe deu alguns conselhos, e que chegou até a chorar durante a consulta.

A paciente explica ainda que contou ao médico que estava há nove anos separada, momento em que ele disse: "Você tem uma máquina parada", ao se referir a vida sexual da paciente.

Na sequência, ela relata no boletim policial que foi encaminhada a uma maca, para ser examinada, e que ao deitar o médico começou a tocar a sua barriga.

O documento narra: “E de repente, foi com a mão em sua vagina e passou a mão no órgão genital”. Foi quando a paciente pediu ao médico que parasse, o que ele fez e em seguida também pediu desculpas.

Segundo a paciente, ela se levantou da maca, o médico passou alguns exames para ela e voltou a reiterar o pedido de desculpas. Logo depois a mulher foi embora. No documento policial a vítima relata que “não entende o porquê de o médico ter feito isso”. Disse ainda que ela “se sentiu muito suja com o ocorrido”.

Acrescentou também que, ao chegar em casa, “se lavou muito por sentir-se mal”. Informa que “chorou muito devido sentir muita dor ao relembrar” e ainda que não entende o que aconteceu, “pois não deu brecha para o médico fazer tal ato”. Afirmou sentir medo de que o médico possa fazer algo contra ela após fazer a denúncia.

Ela finalizou informando que um funcionário da Rede Cuidar tentou entrar em contato com ela, mas que preferiu manter-se afastada. Solicitou ainda na delegacia uma medida protetiva. A reportagem entrou em contato com a vítima, que informou que não gostaria de voltar a se manifestar sobre o assunto.

O médico não teve o seu nome revelado na reportagem por se tratar de uma investigação que ainda está em fase inicial pela Polícia Civil.

O OUTRO LADO

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que não foi comunicada sobre o fato e que solicitou a apuração estrita da denúncia. A pasta explicou ainda que a gestão da Rede Cuidar pertence ao consórcio de municípios, e que a Sesa apenas paga pelos serviços por eles oferecidos.

O Consórcio Público da Região Norte do Espírito Santo (CIM Norte), responsável pela unidade, informou que não tinha sido comunicado do fato e que, no dia em questão, contava com quatro médicos trabalhando na especialidade em que a mulher se consultou.

A gestão do consórcio afirmou que os profissionais são contratados de uma empresa prestadora de serviços médicos, que será notificada para prestar esclarecimentos.

O Conselho Regional de Medicina, seção Espírito Santo (CRM-ES), informou, por nota, que “as sindicâncias e processos éticos-profissionais correm em segredo de Justiça”. E sobre o número de denúncias recebidas pelo Conselho sobre o assunto, informou que não faz este tipo de levantamento.

A reportagem também tentou contato com o médico, mas ele não atendeu às ligações.

Fonte: A Gazeta
Postagem Anterior Próxima Postagem