Por que os casos de varíola do macaco estão se espalhando na Europa e nos EUA?

Doença é considerada altamente incomum, e transmissão se dá por meio de contato próximo - REUTERS

Grã-Bretanha, Portugal, Espanha e Estados Unidos já confirmaram casos de varíola do macaco, além da ocorrência de vários outros quadros suspeitos.

Os surtos estão despertando alarme porque a doença viral, que se espalha por contato próximo e foi encontrada pela primeira vez em macacos, ocorre principalmente na África Ocidental e Central, e apenas ocasionalmente se espalha por outros lugares.

'Altamente incomum'

A varíola do macaco é um vírus que causa febre e uma erupção cutânea distinta. Geralmente a doença é leve, embora existam duas cepas principais: a cepa do Congo, que é mais grave – com até 10% de mortalidade – e a cepa da África Ocidental, que tem uma taxa de mortalidade em cerca de 1% dos casos. Os diagnósticos no Reino Unido foram relatados como a cepa da África Ocidental.

"Historicamente, houve muito poucos casos exportados. Isso só aconteceu oito vezes no passado antes deste ano", disse Jimmy Whitworth, professor de saúde pública internacional da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, que acrescentou que a situação é "altamente incomum".

Portugal registrou cinco casos confirmados e a Espanha está testando 23 casos potenciais. Nenhum país relatou ocorrências antes. Os Estados Unidos também relataram um caso.

Por que agora?

Um possível cenário por trás do crescimento do número de casos é o aumento das viagens à medida que diminuem as restrições contra a Covid-19.

"Minha teoria de trabalho seria que há muito disso na África Ocidental e Central, as viagens foram retomadas e é por isso que estamos vendo mais casos", disse Whitworth.

Esse tipo de varíola deixa os virologistas em alerta, embora cause doenças menos graves.

A varíola foi erradicada pela vacinação em 1980, e o imunizante deixou de ser aplicado desde então. O encerramento das campanhas de vacinação levou a um salto nos casos de varíola em áreas onde a doença é endêmica, de acordo com Anne Rimoin, professora de epidemiologia da UCLA, na Califórnia.

Ela afirma que é importante uma investigação urgente dos novos casos, pois "eles podem sugerir um novo meio de propagação ou uma mudança no vírus, e tudo isso deve ser determinado".

Especialistas dizem que as pessoas não precisam entrar em pânico. “Isso não causará uma epidemia nacional como a Covid, mas é um surto sério de uma doença grave – e devemos levar a sério”, declarou Whitworth.

Transmissão

O vírus se espalha por meio de contato próximo, tanto em animais quanto, menos comumente, entre humanos. Foi encontrado pela primeira vez em macacos em 1958, daí o nome, embora os roedores sejam agora vistos como os prováveis principais hospedeiros animais.

A transmissão desta vez é intrigante para especialistas, porque vários casos no Reino Unido – nove registros em 18 de maio – não têm conexão conhecida entre si. Apenas no primeiro caso, relatado em 6 de maio, a pessoa viajou recentemente para a Nigéria.

Os especialistas alertaram para uma transmissão mais ampla se os casos não forem relatados.

O alerta da Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido também destacou que os casos recentes ocorreram predominantemente entre homens que se identificaram como gays, bissexuais ou homens que fazem sexo com homens, e aconselhou esses grupos a ficarem atentos.

Os cientistas agora estão realizando o sequenciamento genômico para ver se os vírus estão ligados, disse a OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta semana.

Fonte: R7


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