Praga na Austrália com 200 milhões de coelhos começou com envio de apenas 12 animais

Encomenda de imigrante inglês no século 19 deu início a um boom populacional que hoje prejudica plantações e espécies nativas do território, indica pesquisa

Getty Images

Os coelhos são considerados uma espécie invasora na Austrália, a ponto de, no estado de Queensland, serem proibidos até mesmo como pet. Apesar de registros de coelhos domésticos desde o início da colonização do território pelos britânicos, a origem precisa da introdução dos animais no país sempre foi alvo de estudos, e uma pesquisa recém-publicada parece ter chegado ao “marco zero”.

Fazendo um rastreamento genético que analisou coelhos da Austrália e da Europa, a Universidade de Cambridge e o instituto CIBIO, de Portugal, chegaram à conclusão de que o momento decisivo para a dispersão de coelhos em solo australiano foi quando um imigrante inglês, Thomas Austin, recebeu em outubro de 1859 um carga com exemplares domésticos e também selvagens, que usaria para se entreter, caçando-os em sua propriedade nos arredores de Melbourne.

A carga saiu da Inglaterra com 12 coelhos, e chegou à Austrália com 24, sugerindo que eles tenham se reproduzido já durante os 80 dias de viagem. Hoje, o território lida com o que é considerado uma praga – uma população de 200 milhões de coelhos europeus, nativos da Península Ibérica e sul da França, que destroem plantações e prejudicam espécies nativas australianas.

Em 1865, o próprio Austin disse ao jornal Geelong Advertiser que havia matado 20 mil coelhos em sua propriedade, como uma declaração sobre a "extraordinária fecundidade do coelho inglês". Dentro de 50 anos, os coelhos se espalhariam por todo o continente a uma taxa de dispersão mais de 100 km por ano.

Apesar de cercas, da introdução do vírus do mixoma (mortal a esses animais) e de outras medidas, os coelhos continuam a ser uma das principais espécies invasoras na Austrália, relata o jornal Daily Mail.

“Nossas descobertas mostram que, apesar das inúmeras introduções na Austrália, foi um único lote de coelhos ingleses que desencadeou essa invasão biológica devastadora, cujos efeitos ainda são sentidos hoje”, disse o principal autor do estudo, Joel Alves, à publicação britânica.

“Isso serve como um lembrete de que as ações de apenas uma pessoa, ou algumas pessoas, podem ter um impacto ambiental devastador.”

Fonte: Um Só Planeta


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