De festa em hotel a confissão por babá eletrônica: os fatos marcantes de julgamento inédito no ES




O Fórum Criminal de Vitória sediou, nesta quinta-feira (10), um julgamento inédito no Espírito Santo. Segundo o Ministério Público do Estado, o caso se destaca pelo fato do crime que terminou com a morte de Ana Paula Feitosa ter ocorrido em Los Angeles, nos Estados Unidos, e ser julgado no Brasil.

A peculiaridade ocorre porque, após o assassinato em 2020, os acusados fugiram para o Brasil. Eles foram presos em Cariacica, na Grande Vitória, menos de um mês após o crime.

Os capixabas Thiago Philipe de Souza Bragança, de 22 anos, e Wenderson Júnior Dalbem Silva, de 24, foram condenados a 37 anos de prisão após mais de 17 horas de julgamento.

Alguns fatos relatados durante o julgamento chamam a atenção. Entre eles, a forma cruel em que os acusados agiram após o crime. Um dos acusados confessou durante o depoimento que ele e o comparsa colocaram o corpo de Ana Paula em sacos e o jogaram em um depósito de lixo.

Também durante depoimento no julgamento, a mãe de Thiago chegou a dizer que prefere ver o filho "embaixo da terra" do que cometendo outros crimes. A fala chamou a atenção de quem acompanhava a sessão.

FATOS SOBRE O CRIME QUE MARCARAM O JULGAMENTO

Policiais dos Estados Unidos vieram para julgamento no ES

Dois policiais dos Estados Unidos que participaram da investigação do crime vieram ao Espírito Santo para depor durante o julgamento que aconteceu no Fórum Criminal de Vitória.

O caso foi investigado pela polícia de Los Angeles (LADP), que apontou que os dois acusados mataram a jovem estrangulada com um fio de ventilador.

A Polícia Federal do Brasil atuou em cooperação internacional, por meio do Acordo de Assistência Judiciário-Penal firmado entre o Brasil e os Estados Unidos, o Mutual Legal Assistance Treaty (MLAT) e a Polícia Civil do Espírito Santo.

Capixabas jogaram corpo de jovem em depósito de lixo

Durante o depoimento à corte, Thiago disse que, após o crime, ele e Wenderson coloram o corpo da jovem em um saco de lixo. Em seguida, sem saber o que fazer, a dupla se dirigiu ao hotel Hot Spring, em Los Angeles. Em uma rua próxima ao hotel, eles jogaram o corpo dentro de um depósito de lixo e dali a dupla deu início à fuga.

Réus tiveram "fuga de cinema"

Thiago também deu detalhes da dinâmica da fuga dele e do comparsa. Inicialmente, segundo ele, a intenção era ir para o Canadá. Como eles estavam com um veículo alugado, facilmente rastreável, e tiveram problemas com guarda local por conta do excesso de velocidade, acabaram mudando a rota.

Os acusados optaram por seguir em direção ao México. A dupla foi para o estado de Oklahoma, depois pegaram um táxi até Phoenix, e, de lá, pegaram um ônibus até o México.

Festa em hotel no México

Antes de serem presos no Espírito Santo, Thiago e Wenderson passaram pelo México. Segundo as investigações, os dois comemoraram a fuga dos Estados Unidos em um hotel na Cidade do México.

A dupla ficou hospedada na capital mexicana até que Wenderson, que estava sem passaporte, conseguisse uma autorização da embaixada local para viajar.

No local, eles chegaram a gravar um vídeo para os parentes. As imagens foram exibidas durante o julgamento. No áudio, é possível ouvir Thiago descrevendo o local e Wenderson comentando sobre um bar. “Aproveitar a suíte presidencial, à vista, pedir uma cervejinha”.
Mãe de réu ouviu confissão por babá eletrônica

A mãe de Thiago Philipe Souza Bragança, um dos acusados de matar Ana Paula, também foi ouvida durante o julgamento. Ela contou que, após retornarem ao Brasil, eles ficaram morando na casa dela por cerca de 15 dias.

Desconfiada do que poderia ter ocorrido, ela decidiu instalar uma babá eletrônica no quarto em que eles dormiam. A mãe ouviu uma conversa do filho e de Wenderson em que eles confessavam o crime. Eles fugiram novamente.

Mãe diz que prefere ver filho morto

A mãe de Thiago fez um emocionante desabafo durante o depoimento. Ela afirmou que não criou o filho para matar e disse que gostaria que o filho pagasse pelo crime que cometeu.

Ela contou que o filho foi para os Estados Unidos com 15 anos, dentro de todos os meios legais. Ele chegou a trabalhar para grandes empresas, mas acabou se envolvendo com as drogas. A mãe ainda falou que preferia ver o filho morto do que cometendo outros crimes.

"Seria menos doloroso se eu estivesse no cemitério, me coloco no local da mãe da vítima. Acho que eles se corromperam pela droga, porque ele teve um desenvolvimento normal, era um bom menino", disse.

Fonte: Folha Vitória


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