Após proibição de pomada de cabelo que causa cegueira, Conselho divulga cartilha de cuidados

Antes e depois. Yasmin Alarcão, de 27 anos sofreu queimadura da córnea com produtos usados para trançar o cabelo Foto: Arquivo pessoal

O Conselho Regional de Química do Rio divulgou, nesta sexta-feira, uma cartilha informativa com orientações à população sobre o uso de produtos cosméticos que podem provocar graves problemas de saúde. O documento foi preparado após o Instituto de Vigilância municipal proibir, nesta quinta-feira, o uso e o comércio da pomada modeladora Cassu Braids, utilizada para fazer penteados, como tranças e baby hair, além de outros produtos fabricados pela empresa Microfarma Indústria e Comércio Ltda. A proibição se deu após serem registrados, em uma semana, 195 casos de lesões na córnea pelo uso de cosméticos que não tinham regulamentação.

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No Hospital municipal Souza Aguiar, os pacientes apresentavam dor intensa, ardência, dificuldade de abrir os olhos, embaçamento e até cegueira temporária, supostamente ocasionados por produtos para trançar e modelar os cabelos. De marcas variadas, as pomadas utilizadas são compostas, em sua maioria, por fixantes, corantes e outras substâncias que provocam lesão quando em contato com a mucosa.

Rafael Almada, presidente do Conselho regional de Química, explica o motivo de as substâncias causarem tamanha reação nos olhos.

— Esses produtos são usados geralmente para fazer uma compactação do volume do cabelo e, muitas vezes, têm formulas que alteram a composição química dos fios. Os cachos se formam com pontes de enxofre e essas substâncias quebram essas pontes, deixando o cabelo mais alisado. Quando há contato com os olhos, elas alteram o ph natural da mucosa e geram alergias e outras enfermidades que vão comprometer a saúde ocular — explica Rafael.

Ele chamou atenção para uma prática que pode causar ainda mais danos: as misturas caseiras.

— A gente tem tentado orientar a população no sentido de não só escolher e usar corretamente um produto, e verificar a procedência e se é confiável. Tem pessoas que querem manipular produtos em casa ou misturar produtos para aumentar eficiência. Isso é muito perigoso. Não pode de jeito nenhum — disse Rafael.

Todo e qualquer produto químico deve ser fabricado por profissionais capacitados e registrados em conselho profissional, conforme reforçou a coordenadora da Câmara Técnica de Segurança Química do CRQ, Carla Calado.

— É papel do Conselho garantir a a segurança da sociedade. E as normas e registros desses produtos são controlados pelas agências de vigilância sanitária municipais, estaduais e a Anvisa — afirma Carla.

A importância do rótulo

Entre as orientações descritas na cartilha, o órgão chama a atenção para a leitura do rótulo dos produtos, onde constam as especificações químicas e informações sobre regularização junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o responsável técnico, do que é composto, e até mesmo se contém algum componente alergênico. Se o responsável técnico do produto for um Químico, deverá estar registrado no Cionselho Regional de Química da Terceira Região. A consulta pode ser feita pelo site do órgão.

Aos consumidores, o alerta vai para o pós-penteado: deve-se evitar tomar banhos de piscina e mar ao usar os produtos. A dica é ao lavar os cabelos, proteger, de forma cuidadosa, os olhos, evitando o contato do produto com essa parte do corpo. Se estiver com algum problema nos olhos, como conjuntivite, é preferível evitar o uso dos produtos.

Já em relação aos profissionais, o órgão recomenda que informem aos clientes sobre os cuidados, principalmente com o contato involuntário nos olhos, que pode acarretar efeitos indesejáveis graves, como cegueira temporária. Além disso, é importante fazer uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), como luvas, óculos, máscaras, entre outros.
  1. Antes de comprar, verificar se o produto é regularizado pela Anvisa.
  2. Respeitar as instruções do fabricante quanto às condições de uso dos produtos, especialmente as advertências de uso contidas na embalagem e/ou no rótulo.
  3. Consultar com o vendedor, distribuidor, fabricante ou importador informações sobre medidas preventivas recomendadas para o uso de seus produtos, especialmente se as embalagens não contarem com instruções de uso ou se fornecerem pouca informação.
  4. Lavar as mãos, sempre que usar o produto. Este cuidado reduz o risco de aplicar o produto involuntariamente a outras partes do corpo e provocar outros danos.
  5. Em casos de contato do produto com os olhos, lave imediatamente com água em abundância. Esta ação pode minimizar a toxicidade local do produto.
  6. Usar o produto somente durante a data de validade indicada na embalagem/rótulo pelo fabricante/importador.
  7. Não fazer uso de produto que apresentar mudanças na sua coloração, odor e consistência/textura
Para relatar a ocorrência de quaisquer efeitos indesejáveis à saúde supostamente relacionados com o uso de produtos cosméticos deve ser registrada pelo site da Anvisa.

Fonte: Extra

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