Suspeito de ser serial killer teria matado prostituta após ela recusar fantasia sexual: 'Socorro, eu nunca fiz isso'

Delegacia em Goiás diz que tem recebido "várias denúncias" sobre atuação de Leandro Alves da Costa após repercussão do caso e revela característica que pode ajudar a identificá-lo

Leandro Alves da Costa foi preso no Paraná; ele é investigado por mortes Reprodução

A delegacia de Abadia de Goiás, na Região Metropolitana de Goiânia (GO), segue atrás dos desdobramentos de um crime bárbaro, ocorrido num motel da cidade, contra a garota de programa Deyselene de Menezes Rocha, torturada e morta com 33 facadas, que pode acabar revelando aos investigadores a trama de um assassino em série de prostitutas, que já teria matado, não só no Brasil, como também fora dele, pelo menos no Paraguai. De acordo com o delegado Arthur Fleury, em publicação onde atualiza os detalhes do caso, os policiais têm recebido "várias denúncias" sobre a atuação do suspeito, identificado como Leandro Alves da Costa, que foi preso no fim da semana passada em Foz do Iguaçu (PR), possivelmente quando arquitetava uma fuga do país. Questionado, ele não precisou quantas queixas já são investigadas.

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Além disso, Fleury revelou ainda detalhes daquela madrugada de 13 de outubro, quando Deyselene foi morta. A polícia teve acesso a uma troca de mensagens entre a vítima e uma colega. Segundo ele, a conversa aconteceu momentos antes de a vítima ter sido assassinada, e mostra que ela morreu depois de ter negado fantasias sexuais pedidas por Leandro. Além dele, estavam também no quarto Wallace Alves Novais, que está preso por suspeita de participação no crime, e uma mulher até agora identificada apenas como Helen, que é procurada.

Por volta das 7h24 da manhã, a garota de programa revela a uma colega que está no quarto de motel com um homem que quer que ela pratique sexo anal nele, e reage: "socorro, eu nunca fiz isso". A amiga responde com uma risada. Um minuto depois, a vítima volta a escrever: "socorrooooo".

– No intuito de localizar mais vítimas, já que a Polícia Civil está recebendo várias denúncias, duas informação são importantes: como ocorreu na tentativa de estupro e homicídio em 2014 (crimes pelos quais Leandro já respondia), o suspeito pediu para a vítima situações que a mesma se negou, como no print de conversa que Deyselene mandou pouco antes de morrer, e também exigir a prática de sexo sem preservativo, o que o levou a esfaquear as mesmas, torturar e matar, como foi no Brasil e Paraguai – informou Arthur Fleury na publicação.

Característica pode ajudar vítimas a identificarem Leandro Alves da Costa — Foto: Divulgação / PC-GO

Para facilitar a identificação do suspeito em outros crimes, o delegado revelou ainda que ele não possui dois dedos na mão direita. Por enquanto, a polícia tem conhecimento de três crimes parecidos que teriam sido cometidos por Leandro: além de Deyselene e outro caso ocorrido há nove anos, ele é suspeito de ter assassinado, sob modus operandi semelhante, uma garota de apenas 15 anos, também em um motel, em Ciudad del Este, no Paraguai. Este caso foi confirmado aos investigadores pela polícia local.

O caso

Deyselene de Menezes Rocha foi vítima de uma trama ainda misteriosa, em Abadia de Goiás, município da Região Metropolitana de Goiânia, em outubro. Seu corpo foi encontrado numa área rural, carbonizado, com a marca de 33 facadas e com uma arame envolto ao pescoço. Ela trabalhava como garota de programa naquela região de motéis à beira da BR-153. Em depoimento à polícia, a irmã afirmou que Deyselene foi vista pela última vez por volta das 4h da manhã do dia 12, quando deixou seus filhos com ela.

Deyselane foi encontrada morta com sinais de tortura em Abadia de Goiás — Foto: Reprodução

As imagens de câmeras de segurança do motel obtidas pela Polícia Civil mostram o momento em que um Peugeot preto entra no estabelecimento naquela noite. Leandro dirige o carro e Deyselene aparece no banco do carona. Logo depois, um outro casal chega a pé ao local e se dirige ao mesmo quarto. Eles são Wallace Alves Novais e uma mulher até agora identificada apenas como Helen; eles também são suspeitos de participação no crime.

Já na manhã do dia 13, eles deixam o motel. Helen sai andando, enquanto Leandro e Wallace saem do estabelecimento no automóvel preto, o que chamou atenção dos investigadores. Deyselane não é mais vista. Para o delegado Arthur Fleury, à frente do inquérito, os indícios dão conta de que o corpo da vítima estava sendo levado no banco de trás.

— Ao observar as câmeras de segurança, verifica-se que no banco de trás do veículo há alguma coisa encoberta por um pano. Percebe-se também que o referido objeto ou pessoa ocupa o banco todo, tanto que não cabe a outra mulher (Helen), que teve que sair a pé do local. Na conta paga no motel por Leandro, há a cobrança de um lençol e um travesseiro, levados por eles — disse o delegado, através de sua rede social.

Momento em que os dois homens deixam o motel no Peugeot preto, mas sem a vítima — Foto: Reprodução

O corpo de Deyselane seria encontrado horas depois em um matagal. Após o crime, Leandro Alves da Costa, que era monitorado por uma tornozeleira eletrônica, porque já respondia por homicídio, estupro e porte ilegal de arma de fogo, rompeu o dispositivo e fugiu. Wallace foi imediatamente preso e, em sede policial, negou participação no crime. Helen ainda não foi encontrada.

Assassinato com menos de 1 mês de intervalo

No último dia 6 de de janeiro, Leandro foi encontrado e preso em Foz do Iguaçu. Através de cooperação internacional com a polícia paraguaia, os investigadores da Polícia Civil de Goiás descobriram que Leandro é suspeito de ter matado, dias depois, uma adolescente de 15 anos, também encontrada com sinais de tortura em um motel, em Ciudad del Este, no Paraguai. O crime aconteceu no dia 3 de novembro, menos de 1 mês depois da morte de Deyselene.

— Leandro estava com dois mandados de prisão em aberto no Brasil e provavelmente atravessaria a tríplice fronteira para se esquivar das polícias brasileira e paraguaia, já que estava com difusão vermelha na Interpol — informou Fleury. — A polícia acredita que ele pode ter matado mais vítimas no Brasil e no Paraguai, não podendo precisar ainda o número exato.

Leandro já respondia por estupro, homicídio e posse ilegal de arma de fogo — Foto: Reprodução

Fonte: O Globo

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