Médicos consultados pelo Fato ou Fake analisaram a mensagem e verificaram que a imagem não tem relação com a ômicron. Além disso, o áudio tem informações falsas e não existe bióloga registrada com o nome da mulher que se apresenta na mensagem.
Circula pelas redes sociais um áudio acompanhado de uma foto de uma pessoa de costas e sem camisa com manchas vermelhas sobre a pele. No áudio, uma mulher fala sobre a chegada da ômicron ao Brasil. É #FAKE.
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É #FAKE que foto tenha relação com áudio sobre nova ômicron no Brasil — Foto: Reprodução |
Médicos consultados pelo Fato ou Fake analisaram a imagem das manchas vermelhas e verificaram que não tem relação com a ômicron. Afirmaram ainda que o áudio tem informações falsas e fora de contexto. A mensagem é antiga, já circulava no final de 2021, quando a ômicron começava a chegar ao Brasil.
"A foto mostra uma doença dermatológica que não tem como afirmar que tem qualquer relação com a variante ômicron da Covid. É diícil fazer um diagnóstico só olhando pela foto, mas pode ser um caso de pênfigo ou um caso de lúpus ou até mesmo uma psoríase ou alguma reação induzida por droga. O diagnóstico definitivo teria que ser feito através de uma biópsia. Então colocar essa foto e dizer que isso é causado pelo ômicron é fake", diz Renato Pazzini, dermatologista pela Universidade de São Paulo (USP), membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e do corpo clínico dos Hospitais Albert Einstein e Oswaldo Cruz, fellow em dermatopatologia pelo Hospital Mount Sinai, em Nova York (EUA), e pelo Hospital Karolinska, em Estocolmo (Suécia), além de preceptor da residência em Dermatologia na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS/RS).
"A foto é fake', diz Leonardo Weissmann, médico infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Ele também refuta o que é dito no áudio. "É um absurdo o que é falado nesse áudio. A variante ômicron, o que a gente sabe dela é o seguinte: ela é mais contagiosa, mais transmissível, do que o vírus original, porém não existe nenhuma informação de que ela modifique o curso clínico da doença, ou seja, que ela seja mais letal do que qualquer outra variante ou o próprio vírus. Isso é fake. Temos as subvariantes da ômicron circulando. A mais frequente é a BA.2. Aparentemente está aumentando também a frequência da BA.4 e BA.5, só que mesmo assim, mesmo com essas subvariantes, elas não parecem ser mais letais ou qualquer coisa diferente do que a gente já tinha até hoje", diz.
Weissmann alerta que o áudio é exagerado. "Prevenção através de vacinas e o que a gente ouviu falar até agora: evitar aglomerações, [buscar] lugares arejados, higienização frequente das mãos. Não é esse alarde todo que está sendo feito através desse áudio", complementa.
De acordo com o Conselho Federal de Biologia (CFBio), consulta ao Cadastro Nacional de Biólogos não revela nenhuma bióloga com nome Mônica Travassos registrada em Conselho Regional de Biologia (CRBio). Segundo o Conselho Federal de Biologia, a lei nº 6.684/1979 estabelece que o exercício da profissão de biólogo é privativo dos portadores de diploma de bacharel ou licenciado em curso de História Natural, de Ciências Biológicas ou de Ciências, com habilitação em Biologia, devidamente registrados no Conselho Regional de Biologia de sua jurisdição.
Fonte: G1