Acusado de concretar o corpo do 'melhor amigo' é condenado a mais de 16 anos de prisão, em São Gabriel da Palha


Reginaldo Ludgero da Silva foi responsabilizado por matar e ocultar o corpo de Adair José da Silva na parede da casa onde a vítima morava; crime ocorreu em 2016 e só foi descoberto 4 anos depois

O réu, Reginaldo Ludgero da Silva, de azul à esquerda, e a vítima à direita. (Montagem A Gazeta)

Reginaldo Ludgero da Silva foi condenado nesta sexta-feira (7) a 16 anos e 10 meses de prisão em regime fechado por matar e concretar o melhor amigo, identificado como Adair José da Silva, de 44 anos, em São Gabriel da Palha, no Noroeste do Espírito Santo.

O réu foi responsabilizado pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. A sessão de julgamento do Tribunal do Júri começou às 9h e durou até o meio da tarde. O juiz não autorizou o réu a recorrer em liberdade, e por isso, ele seguirá preso. A defesa disse que o Reginaldo confessou o crime e avalia se vai recorrer da sentença.

Fórum de São Gabriel da Palha, onde ocorreu o julgamento nesta sexta-feira (7). (Heriklis Douglas)

Adair desapareceu em 2016, e o corpo dele foi encontrado concretado na própria residência em janeiro de 2020. Segundo o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), o réu e a vítima eram “melhores amigos”. Conforme a Promotoria de Justiça de São Gabriel da Palha, o acusado queria morar na casa da vítima “de qualquer jeito” e, para isso, cometeu o crime: matou Adair, ocultou o corpo e o concretou na parede da residência.

Local onde ossada foi encontrada, em janeiro de 2020. (Reprodução/ Polícia Civil)

Segundo o MPES, o acusado chegou a apresentar um documento alegando ter comprado a casa da vítima.

"O Ministério Público entende que esse documento não é real, pois, após a quebra do sigilo bancário da própria vítima, não foi identificado nenhum depósito no valor correspondente ao que consta no documento da suposta venda da casa", disse Carlos Eduardo Rocha Barbosa, promotor de Justiça de São Gabriel da Palha.

Carlos Eduardo Rocha Barbosa, promotor de Justiça . (Heriklis Douglas)

O caso só foi descoberto após denúncias anônimas que surgiram no final de 2019 e revelaram o crime brutal.


A cronologia do crime

  • 16 de janeiro de 2020 - A Polícia Civil encontra uma ossada concretada na parede de uma casa em São Gabriel da Palha;
  • A polícia já informa no mesmo dia que os ossos poderiam ser de Adair José da Silva, de 44 anos, que estava desaparecido desde 2016 e era morador da residência;
  • A polícia comunicou na época que o principal suspeito do crime, Reginaldo Ludgero da Silva, comprou a casa da vítima em novembro de 2016. Dias depois, a família registrou o desaparecimento de Adair. Na ocasião a polícia informou que investigou o desaparecimento e chegou até o suspeito, que apresentou um recibo da negociação do imóvel e disse que a vítima contou para ele que iria para outro Estado;
  • O suspeito, Reginaldo Ludgero da Silva, é preso no mesmo dia em que a ossada foi encontrada;
  • Segundo a Polícia Civil, o caso teve uma reviravolta no final de 2019, quando denúncias anônimas informaram que o corpo do homem estava concretado na casa e o suspeito continuava morando no local. Segundo a Polícia Civil, as investigações começaram e não foi constatada nenhuma movimentação bancária ou telefônica de Adair desde o seu desaparecimento;
  • Diante disso, a Polícia Civil conseguiu uma autorização judicial para realizar buscas no imóvel, o suspeito acompanhou os trabalhos e negou que tinha um corpo na parede da casa. As escavações começaram pela cozinha, por outros cômodos e chegaram até a área de serviço onde os ossos foram encontrados no dia 16 de janeiro de 2020. O caso chocou a cidade de São Gabriel da Palha;
  • 09 de abril de 2020 - A Polícia Civil comunica que os exames realizados pela perícia da Polícia Científica (PCIES) confirmaram que a ossada encontrada concretada na residência, era de Adair José da Silva, de 44 anos, que estava desaparecido desde novembro de 2016.

O outro lado

O advogado Hércules do Nascimento Capelli, que fez a defesa do condenado, disse que o cliente confessou o crime "com todos os detalhes".

Hércules do Nascimento Capelli, advogado do réu. (Heriklis Douglas)

"A defesa já sabia que haveria a confissão, e nosso objetivo era garantir a correta aplicação da lei, especialmente na dosimetria da pena", afirmou Hércules do Nascimento Capelli, advogado do réu.

“A pena foi fixada em 16 anos e 10 meses, enquanto, de acordo com a acusação, poderia chegar a 33 anos. Reginaldo já cumpriu 5 anos dessa pena. Esse período será contado na detração, o que torna provável que, em dois anos ou menos, ele tenha progressão do regime fechado para o semiaberto”, explicou.

O defensor disse ainda que consultará o cliente para avaliar a possibilidade de um novo recurso.

Fonte: A Gazeta



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