Se
dinheiro na mão é vendaval, 13º na conta corrente em dia de Black
Friday não é uma intempérie muito diferente. Para evitar
excessos, especialistas disseram à reportagem que o trabalhador que receber a
primeira parcela do pagamento nesta sexta-feira (29) deve ir às compras
com cautela e um teto de gastos estipulado.
"Tem
que se planejar. Se a pessoa tem todas as contas cobertas, ela pode resolver
gastar esse dinheiro. Mesmo assim, tem essa questão do cuidado em se
planejar. Eu posso gastar R$ 1.000, mas tem que ficar dentro desse
orçamento", disse Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil.
"Sempre
falo que a Black Friday é como feirão de veículo e da casa própria.
Quando eu vou, já tenho que ter definido quanto posso gastar. Porque as
técnicas de venda vão me levar a comprar mais do que eu posso",
afirmou Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper.
Esse é
o ponto de partida para o consumidor que pretende ir às compras com o dinheiro
do 13º. Mas há ainda outros cuidados que podem ser tomados, segundo os
especialistas.
Para
Kawauti, quando o comprador estabelece um teto para seus gastos, ele deve
ter em mente também como irá fazer o pagamento para evitar que esse limite
seja superado.
"Essas
compras de Black Friday, em geral, são feitas no cartão de crédito. Isso é um
perigo. Então, mesmo que seu limite no cartão seja superior ao teto estipulado,
é preciso não perder a mão nessa hora", afirmou.
Além
disso, Rocha, do Insper, explica que quem vai às compras em período de promoção
tem que fazer uma pesquisa com antecedência para não cair em nenhuma pegadinha
ou se deixar levar por liquidações fantasiosas -ainda mais quando acaba de
receber uma grande quantia de dinheiro.
"Tem
que se programar. Hoje em dia todo mundo tem acesso à internet, mesmo que ainda
ruim. Há vários portais em que é possível encontrar detalhes dos
preços e as condições de pagamento."
Na
mesma linha, a coordenadora de atendimento do Procon, Renata Reis, disse que o
melhor procedimento nessas ocasiões é fazer uma pesquisa cuidadosa e
bastante antecipada dos preços dos produtos que se quer adquirir.
"É
importante para avaliar se o valor que é ofertado está inferior ao preço
vinha sendo praticado nos últimos 60 dias. Para saber se é uma vantagem fazer a
compra ou não."
Ela
também chamou atenção para a necessidade de se fazer uma lista com os produtos
que se deseja adquirir, para não sair comprando tudo o quê se vê pela frente.
"Justamente
para que, atraídos por essas supostas promoções, os consumidores não gastem
mais do que podem."
Todas
essas dicas, porém, são dadas a quem está financeiramente saudável. Para
os especialistas, antes de partir para as compras, o brasileiro deve
analisar suas contas e ver se essa primeira parcela do 13º não será útil
para pagamentos futuros.
"Tem
que lembrar que o 13º tem um foco, que são os gastos de finais de ano e de começo
de ano seguinte. Então é preciso se organizar e colocar na ponta do lápis tudo,
desde presentes de Natal, como também matrícula escolar e impostos", disse
Kawauti.
"O
dinheiro tem que ter uma finalidade de nobreza, porque é muito difícil
ganhá-lo. Se há outra prioridade que não a Black Friday, seja dívida ou um
exame médico a ser feito, ela deve ser colocada em primeiro plano",
afirmou Rocha.
O
professor de finanças, no entanto, disse que o consumo não pode ser demonizado.
Na sua avaliação, é preciso gastar de forma inteligente,
observando não só o preço, mas o valor do que se quer adquirir.
"Tem
que ter a percepção do valor. Se aquilo faz sentido, vai trazer alegria e
vai fazer bem para mim ou para minha família, e eu posso comprar, tudo
bem!"
Caso
ocorra um arrependimento após a compra, Renata Reis, do Procon, lembra que
aquisições feitas pela internet podem ser devolvidas em até sete dias.
"O
consumidor tem esse período a partir do recebimento do produto e não
precisa ter motivo. Mas é preciso observar se a empresa possui uma política de
troca, como por exemplo a devolução do produto devidamente embalado",
disse.
No
caso de aquisições em lojas físicas, a devolução ou a troca pode ocorrer
apenas se a empresa estabelecer isso, já que o consumidor estará pessoalmente
no local, em contato com o produto, no momento da compra, explica Reis.
"Pode
haver uma política de troca, utilizada justamente para atrair o cliente. Mas se
isso for informado no ato da compra, é importante que o cliente solicite isso
por escrito para conseguir cobrar depois da empresa."
Fonte: Noticias Ao Minuto