A banca colorida
pelos legumes, frutas e verduras, as vendas de baciada e o olho no olho já não
são realidade para a maioria dos feirantes capixabas. Felizmente, muitos desses
empreendedores têm tido a chance de manter o negócio vivo, mesmo com as restrições
da pandemia. Lançada em abril pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae/ES), a Feira na internet vem beneficiando empreendedores
de todo o Estado, ao fazer uma conexão virtual entre o feirante e seus
clientes.
Até agora, mais de
200 feirantes foram cadastrados na ferramenta, por meio da qual é possível
selecionar fornecedores por região e comprar diretamente desses profissionais
sem qualquer intermediário.
“Apesar de toda a dificuldade,
feirantes e produtores mais empreendedores conseguiram reinventar seu negócio e
entender que não é apenas presencialmente que se vende. Com o site, novos
clientes estão chegando pelo WhatsApp do feirante, que teve que fazer um
planejamento melhor de vendas, organizando uma lista dos produtos disponíveis e
enviando aos clientes por mensagem. Administrar os novos clientes que chegaram
na pandemia, organizar os pedidos e entregar os produtos são atividades a que
não estavam acostumados. Antes era apenas expor a mercadoria na banca e vender
para quem passasse na feira”, aponta a analista de atendimento do Sebrae/ES,
Juliana Castro.
A analista revela que
a plataforma permitiu que as pessoas continuassem a negociar – agora pela
internet -, e aumentassem o relacionamento com o cliente.
“O primeiro baque foi
o feirante perceber que, com a pandemia, não era mais possível o contato
presencial com o cliente. Muitos feirantes não mantinham uma carteira de
clientes, não tinham seus nomes e nem telefones. Eles montavam a banca, vendiam
e iam embora. Quando veio a pandemia eles tiveram que começar a vender a
distância, e perceberam que é difícil sobreviver sem relacionamento com o
cliente. O modelo a que estavam acostumados era o presencial e tudo isso teve
que mudar. Tiveram que se reinventar com atendimento remoto, com tecnologias,
com formas de pagamento virtuais e estão conseguindo! Passaram a olhar o
negócio pela perspectiva do cliente em vez da deles mesmos, perceberam que
tinham que mudar para sobreviver nessa nova realidade”, detalha Juliana.
A Feira na Internet
oferece aos empreendedores uma banca virtual, uma vitrine. Para aqueles
feirantes que não têm uma relação mais próxima com os clientes e não sabem por
onde começar, o modelo da feira proporciona que sejam eles encontrados pelos
velhos clientes, e também por uma nova clientela. A ferramenta foi uma resposta
rápida à situação dos feirantes. Em suas primeiras horas no ar, foram mais de 5
mil acessos.
“A feira é um lugar
onde as pessoas se encontram, há aglomeração, as pessoas tocam nos produtos,
por isso boa parte dos municípios as proibiu. A preocupação do Sebrae/ES era
como essas pessoas, que dependem desses recursos para viver, iam manter a
renda. Foi então que fizemos contato com as prefeituras de todo o Estado e
montamos esse grande cadastro de feirantes”, salienta a analista.
Do limão à limonada
A produtora rural de
Itarana Daniele Beccalli conseguiu manter o negócio funcionando normalmente com
o auxílio da Feira na Internet.
“Vendo flores e a
plataforma me ajudou muito. No dia das mães tive pedidos de pessoas dos Estados
Unidos, da Inglaterra e até do Japão para fazer entregas. Clientes de diversas
cidades do Estado também fizeram contato comigo. Lembro dessa pessoa do Japão
que me mandou mensagem pelo WhatsApp e contou que me achou na plataforma do
Sebrae. Ela queria enviar flores a uma pessoa em Santa Maria de Jetibá”.
Daniele comemora ainda que, mesmo em tempos de crise, conseguiu fazer a identidade
visual do seu negócio e a gestão financeira por meio de consultorias gratuitas
no Sebrae/ES.
Para a Cooperativa de
Empreendedores Rurais de Domingos Martins (Coopram), a Feira na internet foi um
pontapé inicial para que estruturassem o próprio ambiente virtual de vendas.
“A plataforma nos
ajudou muito. Foi o primeiro passo para a gente abrir novos caminhos no mercado
nessa época de pandemia. Conseguimos agregar valor ao produto e fazer mais
negócios. Hoje montamos uma plataforma da Coopram, mas o início foi na Feira na
internet. Conseguimos dar outros passos e nos sustentar nessa crise. Os
consumidores podem receber um produto de qualidade direto do produtor. Tudo
fresquinho, colhido na quinta e entregue na sexta”, conta o presidente da
Coopram, Darli José Schaefer.
Como funciona a feira?
De forma fácil e
intuitiva, o cliente encontra os feirantes que fazem entrega em seu bairro. Na
busca, é possível selecionar feirantes por cidade, bairro, tipo (convencional
ou orgânico), em categorias como açougue, aves, frutas, laticínios, peixes,
temperos, verduras e legumes, entre outros. Tudo simples, direto e de graça. Os
feirantes também podem se cadastrar no site: http://www.feiranainternet.com/
“A ideia é que os
feirantes de rua possam vender por essa plataforma. É muito simples, quando o
cliente clica para fazer um pedido, ele conversa via Whatsapp diretamente com o
feirante para combinar entrega, forma de pagamento e tudo mais”, explica o analista
do Sebrae/ES, Samuel Graciolli. Na aba “Seja um feirante” do site, os
profissionais podem cadastrar seus produtos e serviços para figurar na
plataforma.
Com Informações CCNewsBrasil