
É preciso estabelecer em que momento deve ser feita, diz médico
A
reconstrução mamária é a expectativa de todas as mulheres que fazem mastectomia
(cirurgia para retirada parcial ou total da mama afetada por câncer), para
resgatar a autoconfiança. Antes de tudo, porém, é preciso estabelecer em que
momento essa reconstrução deve ser feita. “Se vai ser feita de imediato, no
momento da mastectomia, ou tardiamente”, disse hoje (2) à Agência
Brasil o cirurgião plástico Fernando Amato, membro titular da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
De
imediato, a reconstrução pode ser efetuada diretamente com prótese de silicone,
se houver preservação de pele. Amato explicou que, muitas vezes, quando ocorre
a retirada de uma quantidade maior de pele, existe uma alternativa que é o uso
de um expansor mamário, espécie de bexiga de silicone, colocado abaixo do
músculo do peito. Nos retornos da paciente ao ambulatório pós procedimento
cirúrgico, o expansor mamário vai sendo enchido com soro fisiológico, para ir
esticando a pele e ganhando tecido.
Se não
houver indicação para tratamento com radio ou quimioterapia, é programada para
um momento mais conveniente a troca desse expansor por uma prótese de silicone.
Fernando Amato salientou que existem também cirurgias que usam retalhos de
gordura, pele, músculo de algum outro lugar do corpo para refazer a mama. “Um
retalho muito utilizado é o grande dorsal, músculo que fica nas costas e é
levado para a mama. A gente usa ele associado a uma prótese de silicone também.
A prótese faz o formato e o volume e o retalho serve como uma cobertura para
segurança da prótese”.
Abdome
Vários cirurgiões também usam o retalho do músculo reto abdominal, chamado Tram, para
a reconstrução da mama com tecido do abdome inferior (pele e gordura). “Nessa
cirurgia, não se usa implante mamário, isto é, prótese de silicone”, advertiu o
médico. Segundo ele, trata-se de uma microcirurgia complexa, em que é feito o
autotransplante de tecido do abdome para a mama.
Na
reconstrução tardia, pode ser usado enxerto de gordura para complementar o
processo. Em mulheres que já foram submetidas à radioterapia, Amato disse que é
muito difícil usar o expansor mamário para expandir a pele, porque a
radioterapia deixa a mama mais dura. “A radioterapia pode interferir bastante
no expansor”.
Há
mastectomias que preservam pele e aréola, ou seja, o mamilo dos seios; outras,
denominadas quadrantes, retiram apenas parte da mama. “Muitas vezes, esses
quadrantes podem ser reconstituídos com tecido que a paciente já tem na mama,
quando o tumor está em uma localização favorável”. Isso pode ser feito,
inclusive, em uma mamoplastia (cirurgia para aumento ou redução das mamas
humanas), disse o cirurgião.
Mamilo
Fernando
Amato esclareceu que a reconstrução do mamilo é uma etapa posterior, que pode
ser feita com retalhos de pele local para ter o relevo. Pode-se também tirar
metade da aréola da outra mama e fazer enxerto no outro lado. É muito usada
para reconstrução do bico dos seios a pele da parte interna da coxa e da região
inguinal, conhecida popularmente como virilha.
O
médico destacou, por outro lado, que muitas pacientes que não desejam se
submeter a uma nova cirurgia têm optado pela reconstrução das aréolas por meio
de tatuagem. “É uma alternativa”. Amato afirmou que o mamilo é muito importante
e faz parte da reconstrução do seio para aumento da autoconfiança dessas
mulheres.
A
mastologista e membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Priscila
Beatriz Oliveros dos Santos, ressaltou que a mamografia é essencial para o
diagnóstico precoce do câncer de mama. “Por isso, não deixe de realizá-la, já
que este exame pode diminuir a mortalidade em até 30%, quando feito
periodicamente”, comentou.
Tatuagem
Entre
2020 e 2022, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca)
estima que serão diagnosticados mais de 66 mil novos casos de câncer de mama no
Brasil, em cada ano, o que representa um risco em torno de 61,61 casos a cada
100 mil mulheres.
Apesar
da pandemia do novo coronavírus, o tatuador Yurgan Barret e sua esposa Anne
afirmam que a solidariedade não pode parar. Mulheres que passaram por
mastectomia em função de câncer de mama terão a oportunidade de fazer
gratuitamente, este mês, a reconstrução da aréola por meio de tatuagem
hiper-realista na quinta edição do Y Rosa. O evento já atendeu mais de 100
mulheres no Rio de Janeiro e Santa Catarina, e acontece este ano entre os dias
19 e 25 de outubro no Yurgan Tattoo Studio, na Barra da Tijuca, zona oeste da
capital fluminense.
O
projeto social idealizado por Yurgan e Anne Barret busca reforçar a importância
do diagnóstico precoce e atender mulheres que venceram o câncer de mama a
ressignificarem suas dores e recuperarem a autoestima.
Segurança
“Participar
do Y Rosa foi de muita importância. Fiz a reconstrução da aréola que, com
certeza levantou minha autoestima, me deixou mais segura, confiante e bem mais
feliz! Foi uma bênção na minha vida pois era algo que me incomodava muito.”,
afirmou Zelia M. N. Souza.
Anne
Barret disse que a realização do projeto a cada ano “foi a forma que
encontramos de usar a nossa arte para um bem maior. Em 2018, recebemos o prêmio
de Cidadania pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e isso nos deu ainda
mais energia para continuar".
Além
do redesenho de aréola por meio de tatuagem hiper-realista, o projeto vai
oferecer, também gratuitamente, a tatuagem de sobrancelhas realistas pela
técnica de micropigmentação fio-a-fio, palestras motivacionais e grupos de
discussão online, além de sorteios para todas as inscritas.
O
agendamento para a tatuagem de mamilos pode ser feito pelo site.
Com
Informações Agência Brasil