O ganho de 30% deve ocorrer porque os testes clínicos mostram que o protocolo de vacinação mais eficaz inclui uma dose reduzida na primeira aplicação
A vacina
contra covid-19 que será produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em
parceria com a farmacêutica Astrazeneca e a Universidade de Oxford deve chegar
a 30 milhões de brasileiros a mais em 2021, aumentando o total de pessoas
alcançadas no país até o fim do ano que vem para cerca de 130 milhões. O ganho
de 30% deve ocorrer porque dados dos testes clínicos divulgados nesta
segunda-feira (23) mostram que o protocolo de vacinação mais eficaz inclui uma
dose reduzida na primeira aplicação, em vez de uma dose completa.
A Astrazeneca
e a Universidade de Oxford anunciaram que o esquema de vacinação que prevê uma
dose reduzida e uma dose completa, com um mês de intervalo, obteve eficácia de
90%. Já o protocolo com duas doses completas e o mesmo intervalo atingiu
eficácia de 62%. Os dados analisados envolveram 11 mil voluntários, cerca de
2,7 mil com o protocolo mais eficaz e quase 8,9 mil com o protocolo de duas
doses completas.
Não
houve registro de eventos graves relacionados à segurança da vacina e nenhum
dos voluntários que recebeu a vacina desenvolveu casos graves da covid-19 ou
precisou ser hospitalizado.
O
vice-presidente de produção e inovação em saúde da Fundação Oswaldo Cruz, Marco
Krieger, classificou a divulgação como uma boa notícia, já que confirmou a
eficácia de 90% e trouxe um ganho adicional, uma vez que as 210 milhões de
doses que a Fiocruz prevê fabricar no ano que vem poderão chegar a mais
pessoas, caso os dados sejam confirmados na conclusão e publicação do estudo.
“Em
vez de termos vacina para 100 milhões de brasileiros, poderíamos vacinar 130
milhões. O que é um ganho adicional. Foi uma boa notícia”, disse Krieger.
Produção e registro
A
partir de acordo com o governo federal, os desenvolvedores da vacina já iniciaram
o processo de transferência de tecnologia para que a Fiocruz produza o
imunizante no país. No primeiro semestre, a fundação prevê disponibilizar 100
milhões de doses a partir de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) importado, e,
no segundo semestre, cerca de 110 milhões de doses serão fabricadas já com IFA
produzido na Fiocruz. Krieger explica que a previsão está mantida, e o que deve
ocorrer é o fracionamento de doses.
Todo
esse processo depende da confirmação e publicação dos resultados dos testes em
humanos, e do registro do imunizante na Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). Além de produzir a vacina, a Fiocruz também está
encarregada de protocolar esse pedido de registro, que tem sido feito de forma
parcelada desde outubro, em um processo chamado de submissão contínua.
Com Informações Exame