Marujo aproveitou caos em Vitória durante ataques e fugiu para o RJ, diz polícia

Traficante é o primeiro da lista dos mais procurados do Espírito Santo. Relatório da Polícia Civil revelou que o criminoso decidiu passar um tempo no estado vizinho até a 'poeira baixar'.

Ônibus incendiado na Rua Dukla de Aguiar, em Vitória. — Foto: Reprodução/Redes sociais

O relatório da Polícia Civil que detalha como opera a organização criminosa por trás dos ataques a ônibus que aconteceram na última terça-feira (11), na Grande Vitória, revelou que Fernando Moraes Pereira Pimenta, o Marujo, segundo no comando do grupo, está escondido no Rio de Janeiro.

Da manhã até a noite de terça, criminosos atacaram diversos ônibus na Grande Vitória. Seis foram incendiados e um foi metralhado.

Foi em meio ao caos na região Metropolitana da capital do Espírito Santo que Marujo conseguiu fugir e voltou para o Rio de Janeiro, onde esteve pouco tempo antes dos ataques.

"Primeiro eles usavam o Rio de Janeiro para comprar armas, drogas, fazer essas conexões. Posteriormente revelou-se que eles hoje usam o estado do Rio de Janeiro para se esconder também, e isso dificulta a ação da polícia na função principal, que é prendê-los", falou o delegado Marcelo Cavalcanti.

Em uma das conversas detalhadas no documento, que foi obtido com exclusividade pela TV Gazeta e divulgado nesta quinta (13), Marujo enviou a Beto, chefe do grupo criminoso, uma mensagem pedindo para se esconder no Rio de Janeiro. Beto está preso na Penitenciária de Segurança Máxima de Viana II.

De acordo com a polícia, o pedido de ajuda aconteceu por causa das operações Sicário, feitas no Bairro da Penha para prender traficantes.

Na carta, Marujo disse a Beto que "a polícia está sufocando" e "chegando perto cada vez mais", por isso ele queria passar um tempo no Rio de Janeiro para "a poeira abaixar".

A polícia acredita que a comunicação entre Beto e Marujo era feita a partir dos advogados que visitavam Beto no presídio e também investiga a participação de agentes públicos no esquema.

"Nós vimos que eles [os criminosos] tinham informações de algumas operações antes mesmo delas serem deflagradas, e isso sugere que tenha a participação de agentes públicos. Até o momento não foi identificado quem é esse agente público. Estamos na busca de tentar comprovar se esse fato é verdade e, sim, identificar quem seria esse indivíduo, esse agente público, que estaria repassando essas informações", falou o delegado.

Fernando Moreas, o "Marujo" é o criminoso mais procurado do Espírito Santo — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Segundo o documento, do Rio de Janeiro, Marujo mantém o controle sobre as ações dos traficantes, que enviam fotos dos pontos de venda de drogas e da movimentação da polícia.

"Ás vezes, quando acontece alguma operação policial, por qualquer motivo, aqui no estado, é normal eles mandarem desativar uma boca [ponto de venda de drogas]. Simplesmente eles escondem o material, somem as pessoas e ficam só os olheiros", explicou o delegado Romualdo Gianordoli.

De acordo com o Delegado Romualdo Gianordoli, que investiga a atuação do grupo criminoso, foi Marujo quem ordenou os ataques em Vitória na terça-feira.

"O Marujo conseguiu acionar todos os seus tentáculos na Grande Vitória. São traficantes aliados que queimaram os ônibus. É essa capilaridade que é uma novidade e que a gente tem que combater", falou o delegado.

Fonte: G1


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