Suspeito de ofender policial durante abordagem é um advogado. Ele estava alcoolizado, foi preso, mas acabou liberado na audiência de custódia. Caso aconteceu em Vitória.
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Cabo Rogério Machado falou sobre caso de injúria racial no ES; suspeito é um advogado — Foto: Reprodução/ TV Gazeta |
Advogado é preso por injúria e desacato em Vitória
O policial militar que foi ofendido por um advogado durante uma abordagem em Vitória, no final de semana, lamentou o caso em entrevista à TV Gazeta. "A sensação é de que parece que as coisas não estão andando no caminho correto ainda e deveriam estar. Complicado demais o preconceito enraizado no coração de muitas pessoas no país", desabafou o cabo Rogério Machado.
O cabo sofreu injúria racial na noite do último sábado (2). O suspeito é o advogado José Miranda Lima, de 69 anos. Ele foi preso depois de dirigir embriagado, bater no retrovisor de outro carro e andar em alta velocidade pelas ruas da capital.
Quando foi abordado pela PM, após denúncia, o advogado ameaçou os militares, tentou dar carteirada e xingou o cabo de "negro filho da p$#@" ao ser colocado dentro do camburão. Ele fez bafômetro, que acusou álcool acima do permitido.
"Me senti muito ofendido e é uma situação que a gente fica sem reação, principalmente por estar tratando ele de forma mais cordial. É uma situação complicada, pois saímos de casa para trabalhar e fazer um bem para sociedade. É um sentimento que vivi quando ainda era civil e passar isso aqui dentro (Policia Militar) é uma sensação de que as coisas não estão andando no caminho correto e deveriam estar", disse o cabo.
Entenda o caso
Tudo começou quando o advogado fez uma manobra perigosa e acabou atingindo o retrovisor de outro veículo na Avenida Norte Sul, no bairro Jardim Camburi. O motorista do carro atingido seguiu o Ford Fusion, palcas OVJ6B60, que era conduzido pelo advogado.
Ao longo da Avenida Dante Michelini, a vítima constatou que o advogado seguia em alta velocidade e praticando outras manobras arriscadas, segundo relatado a policiais no Boletim de Ocorrência.
A vítima avistou uma guarnição da Polícia Militar e informou do ocorrido minutos antes. Os agentes começaram a patrulha atrás do carro dirigido pelo advogado. O veículo foi localizado no bairro Jardim da Penha. Os policiais deram ligaram os sinais luminosos e começaram a monitorar o motorista. Eles constataram que o advogado seguia fazendo manobras arriscadas.
Quando chegaram no bairro Praia do Canto, na Avenida Saturnino de Brito, eles conseguiram parar e abordar o advogado.
"Sempre existiu gente assim. Vai continuar existindo, não tem como acabar. Meu papel é continuar fazendo o meu melhor, não importa a situação", afirmou o policial que foi vítima da injúria racial.
José foi preso em flagrante por dirigir sob efeito de álcool, por de ter desacatado os policiais e por injúria racial. O advogado foi levado para o Centro de Triagem de Viana e foi solto na audiência de custódia. A Justiça deu a ele o direito de responder aos crimes em liberdade, mas proibiu o homem de frequentar bares e boates e de sair da Grande Vitória sem autorização.
Na manhã desta segunda-feira (4), a Ordem dos Advogados do Brasil do Espírito Santo suspendeu, por 30 dias, o advogado José Miranda Lima.
"Decidi agora pela manhã, ouvindo o Conselho Seccional, que em sua maioria de votos autorizou a suspensão por 30 dias do advogado visando a apuração dos fatos", explicou José Carlos Rizk Filho, presidente da OAB-ES.
Fonte: G1